quinta-feira, 6 de maio de 2010

Leitura complementar para o seminário de Cibercultura e Jornalismo Digital


Para aqueles que querem exercer sua cidadania online e também para quem quer aprofundar os conhecimentos em Cibercultura.

A democracia digital e o problema da participação civil na decisão política – Wilson Gomes

O modelo atual de democracia representativa configurou uma sociedade (ou esfera civil) afastada da esfera de decisão política. Nele, a esfera civil acaba por ter como única função formar e autorizar a esfera política nas eleições, enquanto esta tem como função principal produzir a decisão política na forma de lei e na forma de decisões de governo. Isso significa, de algum modo, a crise de um padrão simbólico da experiência democrática que pretende que o cidadão, o povo, a esfera civil, em suma, seja aquele que governe.

Com a internet, a democracia digital surge como uma alternativa para aproximar essas duas esferas. Através da Rede seria possível uma relação entre sociedade e esfera de decisão política sem o intermédio da esfera econômica, das indústrias de entretenimento e da cultura e da informação de massa que controlam o fluxo da informação. A esfera civil não seria apenas o consumidor de informação política, haveria a possibilidade de que ela também produzisse informação política para o seu próprio consumo e para o provimento da sua decisão. Além de tudo, a participação política se tornaria mais fácil, ágil e confortável. Essa aproximação se dá quando através da internet o cidadão tem acesso aos serviços públicos; quando o Estado, os partidos e os demais representantes prestam informações online; ou até mesmo quando há discussão pública de projetos importantes, frequentemente provenientes do Executivo.

Em suma, a democracia digital deve assegurar a participação do público nos processos de produção de decisão política através de debate e deliberação. Por outro lado, apenas o acesso à internet não é capaz de assegurar o incremento da atividade política, menos ainda da atividade política argumentativa. As discussões políticas on-line, embora permitam ampla participação, são dominadas por uns poucos, do mesmo modo que as discussões políticas em geral. Apesar das enormes vantagens, a comunicação on-line não garante instantaneamente uma esfera de discussão pública justa, representativa, relevante, efetiva e igualitária. Porém, isso não quer dizer, por outro lado, que não se devam explorar ao extremo todas as possibilidades democráticas que a internet comporta.
A febre dos blogs de política – Alessandra Aldé, Juliana Escobar e Viktor Chagas

Durante a crise do Mensalão, em 2005, os blogs de Política, principalmente os de jornalistas conhecidos pela mídia (por serem considerados de maior credibilidade) tornaram- se lugar para discussão e tomada de posição pública. Com os escândalos, não só os mais ativos se interessaram por política, mas também os cidadãos menos interessados. Através de seus blogs, jornalistas e colunistas dos principais veículos trocam comentários entre si, mas geralmente não tomam partido nas polêmicas levantadas (elas geralmente são lançadas e alimentadas pelos próprios internautas). Esses blogs são um excelente meio para o debate político, no entanto, as vozes racionais geralmente se perdem em meio aos discursos apaixonados. Os debates neles gerados estão mais voltados para a formação complementar de opiniões do que para o debate decisório que ocupa foros políticos institucionais como o parlamento. Os leitores estão mais preocupados em opinar do que em deliberar, procurar soluções de interesse público. Entretanto, são espaços em que os receptores podem se tornar emissores, constituindo uma democracia.

P.S.: Os textos na íntegra você confere nos links abaixo.
http://revcom2.portcom.intercom.org.br/index.php/fronteiras/article/view/3120/2930
http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/famecos/article/view/3257/3084

Um comentário: